junho 02, 2010

O homem e o nosso tempo


Tive oportunidade, recentemente, de ouvir uma palestra da Doutora em História e professora da Universidade Federal de Goiás, Gilka Ferreira Vasconcelos de Salles, sobre Humanismo Transcendental e a Admirável Nova Era. A professora fez um preâmbulo, em que orientou os ouvintes sobre o significado do Humanismo e sua relação com a Nova Era que se aproxima, ou melhor, da Nova Era que já estamos vivendo. Afirmou que o grande avanço da Tecnologia, em todas as áreas do conhecimento humano, no mundo de hoje, obriga o homem a fazer as coisas certas. O indescritível avanço das comunicações, por exemplo, faz com que o gemido de uma vítima de terremoto em Bangladesh seja ouvido no mesmo instante, no mundo inteiro. O mundo ficou pequeno. Todos os atos governamentais, de qualquer parte do mundo, são vistos, analisados e criticados, porque de alguma forma influirão além de suas fronteiras. Aos poucos, todo mundo se interessa por todo mundo. Os homens responsáveis pelas decisões, queiram ou não, são pressionados para fazer a coisa certa, pois todo mundo está de olho neles.

Por outro lado, jamais se viu entendimento maior entre as nações, ressalvando-se, naturalmente, as inúmeras guerras localizadas e as ranhetices eventuais entre países tidos como amigos. No que se refere ao comércio, estão aí os exemplos dos mercados comuns, principalmente o Mercado Comum da velha Europa, tão conturbada por questiúnculas seculares. O mercado comum foi feito por necessidade, sim. Mas, e daí? Foram premidos pela necessidade mas, como conseqüência, viram que era bom - e como era bom, continuaram. Pensaram: ou nos unimos, ou vamos todos por água abaixo.

Jamais houve tantos relacionamentos entre os povos, entre gente comum dos diversos países, em função dos avanços nos meios de transportes. Hoje, vamos a Nova Iorque no fim de semana ver uma peça teatral na Broadway, como se fôssemos a Caldas Novas nos deleitar com suas águas quentes. E ainda nos sentimos donos do pedaço. Olhamos para aquele sofrido trabalhador da Libéria como se fosse nosso vizinho ou um dos nossos também sofridos trabalhadores.

Estamos adquirindo uma consciência maior, de que somos todos do gênero humano, farinha do mesmo saco, habitando um pequeno planeta na imensidão do universo, imensidão tamanha que nossa limitada imaginação não alcança.

E quanto à religião? Algo nos diz que a conquista do espaço sideral, os novos conhecimentos extraordinários da ciência, liderados pela física subatômica, fará uma revolução na seara das religiões. O homem se aproximará mais da Divindade, do Criador, numa relação direta, simplesmente porque terá consciência da divindade de seu ser. Os sectarismos religiosos tendem a desaparecer. Haverá, acredito, uma desestruturação geral para se estruturar uma nova sociedade. Haverá uma nova forma de pensar, que é o mesmo desde Sir Francis Bacon. Isto, naturalmente, não ocorrerá de uma hora para a outra, como num passe de mágica. As mudanças não serão pressentidas por nós, de um modo geral - e alcançará algumas gerações.

O homem está aparentemente perdido, na busca de algo que o faça compreender as dúvidas que lhe tumultuam a mente. Intuitivamente, ele sabe que novos caminhos estão se abrindo e volta-se, então, para qualquer lado, desde que se lhe acene com alguma esperança de conhecimento. Os avanços tecnológicos, em todas as áreas, acontecem numa velocidade espantosa, que mesmo os mais esclarecidos têm dificuldade no acompanhamento dos fatos. Diferentemente do que ocorria há apenas algumas décadas, para não falar em épocas mais antigas, em que havia tempo para refletir sobre as mudanças.

Esses fatos são sinais de uma Nova Era. Basta ter olhos para ver e ouvidos para escutar. A evolução dos acontecimentos não são percebidos claramente por nós, numa concepção de conjunto, porque estamos na roda-viva e temos dificuldades de visualizar o ângulo certo. Estamos mais preocupados com fatos menores, mas de importância imediata para nossa integração no difícil labor da sobrevivência.

As mudanças serão mais aceleradas (e benéficas) se o homem mudar a sua motivação interior, modificando o pensamento em relação ao vizinho, em primeiro lugar, e depois em relação ao mundo todo, como se fosse a sua casa. Isto seria o nosso grande e nobre desafio, nesse alvorecer do século 21.

Fausto Rodrigues Valle é escritor, autor de Aldeia Absurda
Relógio de Areia, Confraria dos Marimbondos,entre outros.

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