maio 23, 2012

″O problema não é o urso polar. É o homem″



O economista Sergio Besserman Vianna - que lidera a assessoria especial ao prefeito Eduardo Paes no processo preparatório para a Rio+20 - afirma que o problema não é o futuro, mas o presente, e alerta que precisamos estar preparados para os novos 'preços' que o meio ambiente vai cobrar.Ás vésperas da conferência que acontece em junho no Rio, faz, à sua maneira, uma bem-humorada defesa do que considera essencial para governos, empresas e indivíduos enfrentarem os próximos anos, quando, acredita, o planeta vai cobrar o preço dos séculos de uso inconsequente dos recursos naturais. "Não existe almoço grátis", diz ele, na seguinte entrevista ao site de VEJA:

A Inglaterra está em recessão, a França conta 21% dos jovens desempregados, a Alemanha crescerá menos. Na contramão da crise europeia, a China, em quatro anos, aumentou em 4% sua fatia no PIB mundial. Neste cenário conflitante de escassez em países ricos e conquista de consumo nos emergentes, o que é sustentável no mundo atual?
Em primeiro lugar, precisamos entender a nova realidade do século 21. Não temos que proteger meio ambiente nenhum nem salvar as espécies, pelo simples fato de que a humanidade não é capaz de fazer o mínimo estrago que seja à natureza do planeta. Achar que a humanidade pode infringir algum mal ao planeta e, por isso, tem que adquirir consciência e salvá-lo, é uma ideia narcísica e infantil. Nós, os humanos, somos a imagem e semelhança de Deus, mas não somos deuses. Todas as empresas do mundo juntas, mais todo o exército norte-americano, a Nasa e os arsenais nucleares do mundo multiplicados cem vezes não seriam capazes de provocar sequer um arranhão na natureza, cujo tempo é completamente diferente do nosso, conta com milhões de anos. A natureza já passou por cinco apocalipses, enfrentando problemas muito maiores do que qualquer coisa que a humanidade possa vir a fazer daqui a séculos.


Então, o negócio é deixarmos tudo do jeito que está? Como ficam as futuras gerações?
A situação do mundo atual é muito grave - não para o urso polar, para o panda, para os pássaros. É claro que para os animais o quadro tem gravidade, mas é a vida, uma espécie sai e entre outra. Nós, os humanos, é que temos um problema sério. E as consequências são para hoje mesmo, não são para as futuras gerações. O fim da civilização dos combustíveis fósseis e a construção de uma economia de baixo carbono é uma inevitabilidade para a espécie humana. E isso significa que os preços vão mudar. Qualquer investimento feito hoje que calcule uma taxa de retorno para o futuro é uma fantasia. No tempo curto da história humana, relativo a um piscar de olhos do tempo da natureza, fomos muito poderosos. Alteramos muito a paisagem do planeta e cometemos a estupidez de não considerar a premissa mais defendida pelos homens de finanças: não existe almoço grátis. Mas, desde a Revolução Industrial, acreditamos que tinha almoço grátis com a natureza. 

Estamos a consumir os bens naturais de um planeta que é finito.

Fonte: Planeta Sustentável

 

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