junho 03, 2011

Energia Nuclear: Fukushima reascende debate sobre a segurança das usinas


Apesar do grave acidente no Japão, o governo brasileiro prepara a construção de quatro novas centrais nucleares e conclusão de Angra 3 com orçamento de R$ 40 bilhões.


O desastre na usina de Fukushima Daí-ichi, no Japão, tomou dimensões catastróficas e reascendeu o debate sobre energia nuclear em todo o mundo. Os argumentos mais comuns são conhecidos: os defensores atestam que esta é uma fonte de energia elétrica limpa, que gera energia de baixo custo, sem ocupar grandes áreas, como no caso das hidrelétricas. Já os críticos às usinas nucleares afirmam que a opção é perigosa e cara, dados os altos investimentos necessários para sua construção, destacando que os rejeitos (o ‘lixo nuclear’) são um problema sem solução. O que poucas pessoas debatem, porém, é o programa nuclear brasileiro – uma herança da Ditadura Militar que permanece como um assunto a ser tratado nos gabinetes do governo e gera polêmica entre os atores da área.
Uma sondagem do IBOPE Inteligência*, realizada após o acidente no Japão, mostrou que 54% dos brasileiros são contrários ao uso da energia nuclear para gerar eletricidade no País. As propostas do governo, por outro lado, preveem a instalação de 50 usinas nucleares nos próximos 50 anos, sendo 5 delas em curto prazo, com a conclusão de Angra 3 e a construção de quatro novas centrais, sendo duas delas na região Nordeste, com prioridade, e outras duas no Sudeste.


As perspectivas de expansão geram polêmica. Para Heitor Scalambrini Costa, físico e professor da Universidade Federal de Pernambuco, o acidente de Fukushima foi uma alerta para a humanidade. “Apesar dos renovados esforços da indústria nuclear em apresentar-se como segura, acidentes em instalações em diversos países continuam a demonstrar que esta tecnologia é perigosa, oferecendo constantes riscos que podem trazer consequências catastróficas ao meio ambiente e à humanidade”, avalia.


A tragédia no Japão reacendeu também as críticas em relação ao projeto de Angra 3, com construção em curso no Rio de Janeiro. Isto porque, o projeto original, cuja licitação foi realizada em 1983, não passou por uma revisão antes de ser implementado e, por isso, é acusado de ser obsoleto, portanto, mais arriscado. Por um lado, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, tem reiterado que o projeto é seguro e se tornou defensor de Angra 3 e da expansão na frente nuclear. Por outro, pessoas ligadas ao setor alegam que o governo não fez a revisão para evitar gastos e porque, se o projeto fosse alterado, a licitação para construção da usina teria que ser refeita. Com isso, a empresa Andrade Gutierrez, entre outras, poderia perder um contrato bilionário.


 Débora Prado
Revista Caros Amigos
















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