junho 06, 2010

Por que votarei em Marina Silva


Tenho uma vida quase toda de experiência política. Como eleitor, não como político. Já passei por todas as fases da motivação política: entusiasmo, engajamento, credulidade, experiência, observação, frustrações e desencantos. Ainda resta, no entanto, uma pálida folha de esperança política lá num canto quase inacessível da minha tão desiludida alma.

Em 1936, eu e os amiginhos de então já fazíamos nossas escolhas políticas. Naturalmente, por ouvirmos as conversas dos adultos daquela época sobre as preferências partidárias. Eu me recordo que me qualificava, ante os meus companheiros, como adepto do PC (partido constitucionalista), em contraposição aos que se declaravam, ou do PI (partido integralista), ou do PCB (partido comunista do Brasil), ou do PR (partido republicano), que estavam mais em evidência na ocasião.


É certo que nossas preferências de sigla eram influenciadas pelo “ouvir falar” dos fatos políticos da época, pois não tínhamos a menor consciência da identidade dessas escolhas. Nossas opções eram, na essência, guiadas pela simpatia desta ou daquela sonoridade vocal da sigla e necessidade inconsciente de afirmação no grupo. Mas esse assunto, entre nós, tinha o cunho de mais uma forma de brincadeira, um passa-tempo, uma novidade, enfim. Nem sonhávamos em conhecer a natureza de tão maldita instituição.


Diversas coisas valiosas foram aprendidas no decorrer do tempo da prática política como cidadão. O tempo se encarregou de nos ensinar. Os fatos políticos que se tornaram históricos – dos quais fui testemunha ocular –, se acumularam, mostrando suas verdades e mentiras, enriqueceram minha capacidade de discernimento e ampliaram os horizontes do conhecimento dessa linguagem, tão enganosa e tão fácil de ser manipulada pelos profissionais.


Muitas pessoas, pelo verdor da existência, ainda não sabem o que é política. A mídia, para manter o vazio do que é importante, não define seu verdadeiro significado. Pois saibam que política é poder; simplesmente isso. Portando, votar é outorgar poder. Outorgar é dar, em confiança. Votar é um ato muito perigoso. Requer muita reflexão; convicção. É o mesmo que entregar a alguém uma arma de grande potência. Não a use se não a conhece bem. Não vote se não tem perfeita consciência das conseqüências do seu ato.


Partido político no Brasil, como se apresenta ao conhecimento do povo, não existe. As siglas aí apontadas são arranjos de letras destinadas a construir falsa impressão de ambiente de competição e provocar nos eleitores ilusória liberdade de escolha. É um modo de motivar o povo a participar da encenação. O que aí existe são aglomerados de pessoas que têm interesses de poder e são obrigadas a se inscreverem em uma sigla. Esse é o primeiro grilhão fantasiado de democracia. Ninguém será candidato se o partido não aprovar. Dito com outras palavras: O apontado pelo partido será o representante dos interesses individuais ou de classe do grupo.


Pela nossa profunda e calejada análise, a cidadã Marina Silva, não política profissional, depois de ver obstáculos imensos à sua frente, a começar pela deficiente alimentação na infância, conseqüência da miséria geral em que nasceu, teve um lampejo mental que a conduziu para a luta contra as adversidades materiais e intelectuais. Adquiriu com sua própria força de vontade a virtude da persistência na linha do aprendizado.


Por ter nascido e criada em meio às matas, sentiu e percebeu a importância do meio ambiente para a sobrevivência da biodiversidade. Esse foi seu primeiro amor, o qual a encaminhou para desbravar todos os demais obstáculos que tinha à frente. Em seguida, à custa de esforço próprio, apossou-se do instrumental do conhecimento – a leitura –, instrumento de arejamento mental. Com essa porta aberta e sua determinação idealística chegou a uma posição que lhe dá respeito e consideração do mundo, na sua parcela mais responsável: os que defendem a Natureza, sustentáculo da Vida.


Mulher simples, desprendida de posses materiais, ela definitivamente tem o grande mérito de não ser uma política profissional. Pugna pela posição de mando da nação pelo amor aos seus admiráveis ideais de justiça, honestidade e defesa das vítimas inocentes que vêm perecendo em holocausto ao progresso materialista irresponsável.


Faz do recurso político um ato de doação de sua vivência em benefício da garantia de existência de toda a biosfera. Para tanto, consagra ao seu país seus ideais de amor e fé. Não votar nela nessas próximas eleições será compactuar com a manutenção da História de enganações, falcatruas e corrupções, sempre mantidos pelos vícios vergonhosos dos políticos carreiristas.


Marina Silva oferece ao povo brasileiro a oportunidade única de escolher entre as virtudes que constroem a alma de uma nação e esses outros, aventureiros, oportunistas e carreiristas que rolam por ai, profissionais da mentira e coveiros da boa-fé do povo.


Não podemos perder a última oportunidade de fazermos uma escolha justa e correta. A nossa opção hoje será a garantia de nossos filhos amanhã...

Maurício Gomide Martins

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