TERRIS MATER

 Uma tocante poesia, em homenagem a Gaia,

de um amigo - poeta e jardineiro fiel.

Olhei bem fundo nos olhos da mãe...

e lá dentro vi o múltiplo ser que ela é...

Uma espécie de célula tronco

capaz de gerar tudo que o homem precisa...

Vi rios de águas limpas correndo

gerando fontes de luz.... energia vital...

(...vi também rios poluídos...)

...Vi florestas verdejantes, clorofila...

Pássaros, borboletas esvoaçantes...

(...vi também grandes queimadas,

focos de destruição desbragada...)

... Vi a fonte onde nascem as brisas...

...que acariciam nosso rosto...

(...vi também as tempestades...)

Ela própria eu vi, nas suas entranhas...

Vida gerando vida, contínua vida...

repondo as perdas de outras vidas,

a outra ponta do infalível ciclo...

nascer, crescer, multiplicar... morrer...

o pó voltando a origem pó...

transformação... eterno reciclar...

Vi seu coração pulsante... o úbere imenso,

a nascente, fonte d’onde corre o leite,

o mel, todos os nossos alimentos...

(...vi também imagens desviantes...

fome, inanição, súplices mãos clamantes

por um pedaço de pão...)

Pensei e antes que perguntasse

ela, sábia mãe, me respondeu:

— Sim sou tudo isso, sou muito mais,

sou o micro, o macro, sou o universo...

Sou você, você é o universo também...

Gosto dos jardineiros, dos artífices,

dos que (me) lavram a terra com as mãos...

e dos poetas sensíveis que plantam versos

dos que plantam o amor, amizade...

— Sementes de salvação...

ANJES, ANTONIO

UniVersos Poéticos

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Imagem :Mark Vincent Müller